INCUBADORA

A INCUBADORA do JUNTA é um espaço de fomento a novas criações, com orientação artística e incentivo financeiro. O festival tem cumprido um papel fundamental no fomento à difusão, circulação e no fortalecimento da cena da dança no Piauí, gerando redes de trabalho e possibilitando aos públicos uma diversidade singular em sua programação.

Nesta edição, seis propostas foram selecionadas por meio de convocatória aberta ao público e estiveram em residência artística. Após uma convocatória, 6 propostas de criações (solo e duo) foram selecionadas com 3 vagas para o Piauí e 3 para as regiões Norte e Nordeste. Depois de um processo de orientação artística online e presencial, foram apresentados na programação do JUNTA X, que aconteceu de 15 a 20 de outubro de 2024.

Quinta-feira, 17/10, 17h – Biblioteca Cromwell de Carvalho (Auditório) 

| SAUDADES DE UMA DANÇA QUE UM DIA JÁ EXISTIU – AGDAYANA NASCIMENTO (PI)

Esta dança é uma inquietação que a cada dia potencializa o corpo da artista, onde a saudade das inspirações que um dia passaram por ele fazem falta. Em seus movimentos, compartilha desejos que sente e que recebe de danças que a rondam e a expandem. São afetos que a cercam e que a fazem acreditar no seu fazer artístico, conscientizando do que já carrega dentro dela para ser externado, para ser visto. A encantaria que um dia sentiu em momentos dançantes da sua vida encontra-se, na maioria das vezes, amornada. Assim, aumenta ainda mais o desejo de sentir mais uma vez o que já sentiu nos seus dias dançados.

Ficha técnica:
Intérprete-criadora: Agdayana Nascimento
Iluminação: Kássyo Leal
Orientação artística: Mariana Pimentel
Figurino: Agda Nascimento com colaboração e concepção de Adriano Abreu

| ORDINÁRIA – BEBEL FROTA (PI)

Ordinária é mais uma, como qualquer outra, em sua singularidade corriqueira. É a potência do banal. É levemente domesticada, mas está sempre pronta pra explodir os lugares que ocupa. Ela se alimenta de expectativas, mas já nasceu sentindo o gosto das frustrações. A ordinária é filha, neta, sobrinha, irmã de outras ordinárias. Ela acredita no amor. Ela nasce e morre todos os dias. Ela canta como quem brada a própria existência e dança como não se dança mais no agora. A ordinária só quer sentir o que sente sem se preocupar com o olhar do outro, com o “bom gosto”, com o mercado da arte. Ela dança com os mortos. Cada gesto seu tem a força de um adeus. A ordinária tem a sabedoria de quem conhece bem a dor. Ela está entre nós.

Ficha técnica:
Intérprete-criadora: Bebel Frota
Iluminação: Kássyo Leal
Texto: Bebel Frota
Orientação Artística: Mariana Pimentel

Sexta-feira, 18/10, 17h – Sesc Cajuína (Black Box) 

| MANEQUEEN – ARIEL ELOI (PI)

“ManeQueen” é um laboratório de criação nas relações das vivências ballrooms.
É vitrine e palco de existências plurais; é lugar de fabricação de gênero, de expressão e de performance. Um manifesto estético, um ato anti-binário.
“ManeQueen” surge da pesquisa sobre a construção das expressões estéticas que tensionam o mundo e suas reverberações na construção de performance de gênero. É um ato de assimetria que busca um encaixe imperfeito no mercado do corpo, na objetificação da existência e no não lugar como possibilidade de recriação nas margens do encontro de novas perspectivas das manifestações do corpo.

Ficha técnica:
Intérprete-criadora: Eloi Ariel
Assistência de produção: Débora Raquel
Orientação artística: Mariana Pimentel
Curadoria de música: Tornadux (MA)
DJ: Transtorno (PI)

| ESTUDOS PARA RUIR O EIXO – BRUNA MASCARO [PE] E IARA COSTA [PB]

O espetáculo evoca a destituição de símbolos e a desarticulação de imaginários patriarcais. É uma contranarrativa que desloca o centro de gravidade. Uma disputa que inverte aquilo que parece estável. Uma dança com a fragilidade do que se mantém de pé. O espetáculo é um convite à queda.

Ficha técnica:
Concepção: Bruna Mascaro
Criação: Bruna Mascaro e Iara Costa
Orientação artística: Mariana Pimentel
Trilha Sonora: CH Malves 

Domingo, 20/10, 17h – Sesc Cajuína (Black Box) 

| [EM] CARNE VIVA – MIRELA FRANÇA (RN/BA)

A obra em processo criativo transita entre o espetáculo e a palestra-performance, levantando a bandeira da prática como forma de corporificar saberes. Simultaneamente, a criadora questiona sua formação predominante em balé clássico e se inspira em experiências autobiográficas para dançar fabulações entrelaçadas a facetas do imaginário nacional. Em cena, ironiza estereótipos e ressignifica comentários descabidos que marcam seu êxodo artístico por cinco estados de três diferentes regiões do país. Como mulher branca, brasileira e, orgulhosamente, nordestina, a artista reflete sobre a responsabilidade de sua presença e de seu fazer em um sistema alimentado pela colonialidade – que, através do movimento incessante em direção ao progresso, arrasta a todos para a morte. Na dança do desenvolvimento, é crucial ressaltar que grupos sociais específicos sucumbem primeiro.

Ficha técnica:
Intérprete-criadora: Mirela França
Figurino: Mirela França
Orientação artística: Mariana Pimentel
 
| KALATURRU – PEDRA SILVA [CE]

E quando os sonhos gestualizam saberes geológicos? E quando a vida pede um dança-ebó para um renascimento? Transmutar é algo fundamental. Kalaturru é uma obra de dança que se orquestra a partir da tradição em movimento, da historiografia transcestral e do corpo como arquivo vivo/transgressor. Séc. 23 AEC, para o povo sumério, Galas, para o povo acadiano, Kalaturru, ambos nomes se referem ao que conhecemos dentro da travestilidade e da transexualidade feminina atuais.

Ficha técnica:
Dramaturgista e Intérprete-criadora: Pedra Silva
Orientação artística: Mariana Pimentel
Consultoria de figurino: Okamonã
Estudo de Trilha Sonora: Diego Fidelis