(texto da curadoria do JUNTA X)
diferenças possíveis
ética, estética e comunidade
crise, devastidão e resistência
acampamento selvagem
político, real e virtual
plataformas incendiárias
kintsugi
sopro
tempo tempo tempo
X
O JUNTA chega na sua décima edição, olhando para uma trajetória rica, comemorando o feito de realizar há 10 anos em 10 edições anuais um festival de dança e contemporaneidade em Teresina, Piauí. No Brasil de 2024, o JUNTA é um acontecimento que impacta a dança em Teresina - e no Brasil - e o tempo de uma geração. É inevitável se perguntar sobre como continuar, entendendo o JUNTA como um campo de reflexão do seu tempo.
Olhamos para trás e para frente, numa encruzilhada de forças que nos fazem questionar o caminho trilhado até agora e o que há porvir.
Numa dança de espaços de encontro, apreciação estético-política, produção de conhecimentos, fricções e descobertas, o JUNTA é um sopro de frescor na quentura do nosso B-R-O- BRÓ que olha para a dança brasileira e também internacional. Conversar numa Buchada, semear e ver florescer danças futuras na incubadora, se jogar numa festa, estar juntes em Maceió, Fortaleza, São Paulo, Uberlândia, Teresina, Buenos Aires, Paris, Cabo Verde…
Um trans-manifesto, uma visão de 2040, como (ainda) superar o grande cansaço, como não estar sozinho, uma dança monstro, a melancia mulher, a mulher boi(a), o vapor que invade, o oco que é cheio, as tecnologias ancestrais, corpos em trabalho subvertendo o funcional.
É sempre muito interessante observar a complexidade de questões que uma curadoria pode revelar. Dançar a coreografia recortada de se posicionar diante das fraturas, potencializar forças e propor relações é sempre um desafio curatorial, sobretudo em um país como o nosso.
Nesta edição comemorativa, é hora de celebrar, mas, também, de repensar qual é o festival que queremos e precisamos continuar a fazer. Por isso, buscamos enfatizar ainda mais neste ano o JUNTA X como um lugar de encontro e compartilhamento entre artistas, públicos e a cidade em suas mais diversas possibilidades. Porque fazer com que pessoas e contextos se conheçam é um ato político.
Agradecemos, portanto, ao patrocínio do Instituto Cultural Vale através da Lei de Incentivo à Cultura por nos possibilitar a realização desta edição e o desdobramento deste festival em tantas outras conexões que nos permitem expandir nossas ações e alcançar ainda mais afetos para a dança, concretizando nossa função social e política com a cultura brasileira. Agradecemos também às parcerias públicas e privadas que tornam possível a nossa presença pela cidade e o acolhimento respeitoso dos públicos e dos artistas, concretizando o nosso papel de gerar acesso à cultura a todas as pessoas que desejam fruir dela.
Fortalecer o trabalho de pesquisa de corpos que possuem relações diversas com a ancestralidade, com as tecnologias, com o trânsito entre o individual e o coletivo, com a produtividade, com o trabalho, com os futuros, com as mulheridades e seus distintos modos de expressão. Fermentar o cultivo de danças que nascem e crescem em uma sociedade onde a valorização da economia do cuidado é ainda um desafio.
Disponibilidade. Co-responsabilidade. Implicar-se no acontecimento. Descansar. Cuidar. Antídotos para o esgotamento. Antídotos para nos re-encantar com a vida.
Estes são os assuntos que mobilizaram a curadoria desta edição. Estas são nossas urgências de um presente radical de um mundo que precisa ser revitalizado para continuar existindo. Não podemos mais nos colocar na posição de espectadores do acontecimento. É preciso se implicar e, mais do que nunca, aJUNTAr!
Bora?!
Datan Izaká, Jacob Alves, Janaína Lobo e Mariana Pimentel